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Compreendendo a Ciência Cristã

 

Shirley Paulson

Diretora de Assuntos Ecumênicos Primeira Igreja de Cristo, Cientista - Boston, MA, EUA

 

História fundamental e como o movimento da Ciência Cristã evoluiu

 

Todas as igrejas cristãs têm uma unidade, um núcleo ou ponto de convergência, uma oração - a Oração do Senhor. É motivo de regozijo estarmos unidos no amor e nessa petição sagrada com toda sessão de oração na terra - “Venha o Teu reino. Faça-se a Tua vontade, assim na terra como no céu.” – Mary Baker Eddy1

 

A Igreja de Cristo, Cientista, conhecida como a Igreja da Ciência Cristã, se reconhece como sendo uma denominação dentro do cristianismo. Seus membros saúdam a todos à sua adoração e ministério. Deus é “o Alfa e o Ômega, o centro e a circunferência”2 na teologia da Ciência Cristã. Assim, o abraço amoroso de Deus para toda a criação é onissuficiente e onipresente. É representado no Cristo Jesus, o Filho amado de Deus, que foi enviado para anunciar as boas novas.

 

A fundadora da Igreja da Ciência Cristã, Mary Baker Eddy (1821-1910), visualizou uma igreja que reviveria o espírito cristão primário através de um comprometimento humilde e sincero com o poder reconciliador do Cristo. A Bíblia é a autoridade sagrada das escrituras para a Igreja e os Cientistas Cristãos confiam na interpretação de Mary Baker Eddy para obter seu significado espiritual. Outros estudiosos e intérpretes são reconhecidos à medida que suas percepções levam à compreensão espiritual.

 

Eddy cresceu frequentando uma Igreja Congregacional (Trinitária) à qual se filiou aos 17 anos, embora rejeitasse a doutrina da predestinação. O que ela chamou de “grande descoberta” era o significado espiritual das Escrituras, onde ela compreendeu a ligação básica entre o ensinamento e a cura do Mestre e sua crucificação e ressurreição. Eddy fundou a Igreja de Cristo, Cientista, em 1879 e a reorganizou em 1892.

 

Ao evoluir para o segundo século, a Igreja da Ciência fundamenta-se em suas raízes através dos escritos de Mary Baker Eddy, que incluem o Manual da Igreja da Primeira Igreja de Cristo, Cientista, em Boston, Massachusetts, EUA.3 Esse livro pequeno contém a âncora dos valores principais da Igreja e as leis básicas para a governança da Igreja para o mundo e para a perpetuidade. Ele estabelece um Conselho de Diretores com cinco membros autoperpetuadores que mantêm a autoridade para falar e tomar decisões em nome da Igreja. O Manual continua a guiar os procedimentos de A Igreja Mãe e de todas as igrejas filiais na sua adaptação aos sinais dos tempos; o Conselho é responsável pela interpretação do Manual e pela condução dos negócios de A Igreja Mãe. Consistente com as primeiras comunidades cristãs, as igrejas filiais são democraticamente administradas, sem hierarquia.

 

Durante o século XX, e agora no XXI, a igreja vem se empenhando para manter suas atividades significativas e contemporâneas. Providenciou capelães para dar suporte aos Cientistas Cristãos e aos membros de outras denominações nos serviços militares. As revistas e o jornal que Eddy fundou passaram por mudanças no formato e conteúdo para continuarem atuais e relevantes. E, embora o número de membros da igreja e praticistas públicos de cura ter chegado ao seu ápice nos anos 50, os esforços são periódicos para encorajar os membros a renovarem seu comprometimento com a cura cristã e manter as igrejas vivas com o amor do Cristo. As atividades que apoiam os jovens são especialmente notáveis. Um exemplo atual é um programa que teve uma boa recepção chamado Radical Acts (Atos Radicais). O propósito dele é incentivar os jovens a se comprometerem e buscarem viver os ensinamentos mais desafiadores de Jesus.

 

Os escritores contemporâneos da Ciência Cristã são conhecidos através de nossas revistas religiosas semanais, mensais e trimestrais. Estas revistas são Christian Science Sentinel, que cobre assuntos contemporâneos com mensagens de cura, The Christian Science Journal, que relata a missão e a inspiração das atividades da igreja e The Herald of Christian Science, que traz inspiração em vários idiomas: inglês, português, espanhol, alemão e francês, sendo que a publicação em português é chamada de O Arauto da Ciência Cristã.

 

The Christian Science Monitor é um serviço internacional de notícias que oferece uma cobertura global e atenta através de seu website, revista semanal e outras plataformas. Fundado por Mary Baker Eddy para “não prejudicar ninguém, mas para abençoar a humanidade”4, o Monitor ilustra o comprometimento da Igreja com a justiça, a paz e o cuidado com a criação. Ao atrair milhões de pessoas por mês para seu website, CSMonitor.com, o jornalismo de alta qualidade do Monitor está realmente suprindo uma leitura atenta e pública.

 

Temas doutrinais

 

Escrevo mais uma vez: Coloquem suas afeições nas coisas de cima; amem uns aos outros; comunguem na mesa de nosso Senhor em um espírito; adorem em espírito e em verdade; e se adorarem, implorarem e viverem diariamente a Vida divina, a Verdade, o Amor, vocês devem partilhar do pão que veio dos céus, beber do cálice da salvação e ser batizado no Espírito. – Mary Baker Eddy5

 

Há seis fundamentos da Ciência Cristã, escritos por Mary Baker Eddy no livro texto, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras.6 A teologia da Ciência Cristã ressoa com a confissão da fé no Credo Apostólico.7

 

“1. Como adeptos da Verdade, tomamos a Palavra inspirada da Bíblia como nosso guia suficiente para a Vida eterna.

 2. Reconhecemos e adoramos o Deus único, supremo e infinito. Reconhecemos Seu Filho, o Cristo único; o Espírito Santo, ou seja, o Consolador, o Confortador divino; e o homem como imagem e semelhança de Deus.

 3. Reconhecemos que o perdão do pecado, por parte de Deus, consiste na destruição do pecado e na compreensão espiritual que expulsa o mal por discernir que ele é irreal. Mas a crença no pecado é castigada enquanto ela perdura.

 4. Reconhecemos a obra de reconciliação realizada por Jesus como evidência do eficaz Amor divino, que desdobra a unidade do homem com Deus por meio de Cristo Jesus, aquele que mostrou o Caminho; e reconhecemos que o homem é salvo por meio do Cristo, por meio da Verdade, da Vida e do Amor, como foi demonstrado pelo Profeta da Galileia ao curar os doentes e ao vencer o pecado e a morte.

 5. Reconhecemos que a crucificação de Jesus e sua ressurreição cumpriram o propósito de elevar a fé até a compreensão da Vida eterna, ou seja, o fato de que a Alma, o Espírito, é tudo, e de que a matéria nada é.

 6. E solenemente prometemos ser vigilantes, e orar para haver em nós aquela Mente que havia também em Cristo Jesus; fazer aos outros o que desejamos que eles nos façam; e ser misericordiosos, justos e puros.”

(Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de Mary Baker Eddy, p. 497)

 

As raízes calvinistas de Eddy estão evidentes em sua defesa agostiniana e puritana da bondade e do poder absolutos de Deus. A abordagem radical dela à relação entre a matéria e o Espírito deriva-se primeiramente do escrito de Paulo, especialmente suas cartas aos romanos e aos gálatas, onde ele fala da carne (sarx) em contraste com o Espírito. Por exemplo, em romanos, ele escreve, “... os que estão na carne não podem agradar a Deus... Deus habita em vós. E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele. Se, porém, Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito é vida, por causa da justiça.”8

 

Compreende-se que o Espírito seja o significado e a realidade do ser, ao passo que todos os problemas contrários à bondade do Espírito (Deus) originam-se na carne ('matéria', compreendida como materialismo, o sentido material do ser, ou a perspectiva que a humanidade e o mundo estejam separados de Deus). A descrição de Eddy na citação abaixo do “advento de Jesus na carne” indica a importância de sua missão para salvar a humanidade do sofrimento da carne:

Por ter Jesus nascido duma mulher, seu advento na carne participou até certo ponto das condições terrenas de Maria, embora Jesus fosse, em medida ilimitada, dotado do Cristo, o Espírito divino. Isso explica suas lutas em Getsêmani e no Calvário, e isso o habilitou a ser o mediador, ou guia, entre Deus e os homens. Se sua origem e seu nascimento tivessem sido inteiramente diferentes da norma dos mortais, Jesus não poderia ter sido percebido pela mente mortal como "o caminho".9

 

O Espírito declara a presença do reino de Deus, aqui e agora. Consequentemente, no trabalho cristão da expiação e arrependimento, os humanos renunciam a matéria (sarx) como sendo inútil e impotente.

 

Encarnação. A Ciência Cristã ensina que Jesus Cristo é o Filho de Deus que veio em carne à terra. Cristo é descrito por Eddy como “A divina manifestação de Deus, que vem à carne para destruir o erro encarnado”10 - ou erro, corporificado na carne. O Cristo de Deus manifestou-se no mundo como Jesus que foi divinamente designado pelo Pai para resgatar a humanidade.

 

Jesus e Cristo. Mary Baker Eddy escreve “A palavra Cristo não é propriamente sinônimo de Jesus, embora comumente seja usada como tal. ...Cristo não é bem o nome, mas o título divino de Jesus. Cristo exprime a natureza espiritual e eterna de Deus. Esse nome é sinônimo de Messias e faz alusão à espiritualidade que é ensinada, exemplificada e demonstrada na vida da qual Cristo Jesus foi a corporificação.”11 Jesus, portanto, é o Filho amado de Deus, o produto de um nascimento casto. Ele é único na história como a total expressão do Cristo e é através de Jesus que obtemos a imagem mais clara de Deus no reino humano.

 

Trindade. Eddy explica a Trindade assim:

 

A Vida, a Verdade e o Amor constituem a Pessoa trina e una chamada Deus — isto é, o Princípio triplamente divino, o Amor. Representam uma trindade em unidade, três em um — idênticos em essência, embora multiformes em função: Deus, o Pai-Mãe; Cristo, a ideia espiritual de filiação; a Ciência divina, ou o Santo Consolador. Esses três expressam na Ciência divina a natureza tríplice e essencial do infinito. Indicam, também, o Princípio divino do ser científico, a relação inteligente de Deus com o homem e o universo.12

 

A Ciência Cristã não é modalismo, mas baseia-se biblicamente na totalidade de Deus que aparece nas três funções simultaneamente. Mary Baker Eddy rejeitou o gnosticismo e outras filosofias criadas pelos humanos na premissa de que Jesus apresentou a ordem da criação divina como infinitamente maior do que as invenções da mente humana.13 O modelo cristão inclui Deus como Pai do universo. O Filho, o Cristo, é a manifestação da natureza verdadeira de Deus à humanidade. Jesus é o Logos (O Filho de Deus) corporificando a Verdade (Deus). O Espírito Santo expressa a relação inteligente, animadora entre Deus e a criação, caracterizada como o Amor sempre-presente.

 

Reconciliação. A unificação com Deus14 foi demonstrada através de Jesus, que corporificou o Cristo, o poder salvador de Deus. Eddy escreve sobre essa unidade com Deus: “A imagem divina, a ideia, ou Cristo, era, é, e sempre será, inseparável do Princípio divino, Deus. Jesus referiu-se a essa unidade de sua identidade espiritual, dizendo: "Antes que Abraão existisse, eu sou"; "Eu e o Pai somos um"; "O Pai é maior do que eu."15 Quando bebemos do cálice do nosso Mestre e somos batizados com o Espírito Santo e com fogo16, nossos pecados e sofrimentos na carne (sarx) são destruídos pelo Cristo. Dessa maneira, o Cristo reconcilia a humanidade com Deus. Através do cálice e do batismo, somos corrigidos, tendo conhecimento de nossos pecados e arrependimentos tão fortemente que nossos pecados são destruídos. Então, descansamos na unidade com nosso Pai. Toda a humanidade está convidada a esse descanso, como ilustrado pelos caldeus inteligentes, não cristãos e não judeus, que encontraram o caminho seguindo a estrela, contemplando o recém nascido em Belém.

 

Sacramento. A declaração das escrituras de que “há um só Senhor, uma só fé, um só batismo”17 é fundamental para a teologia da Ciência Cristã. A Ciência Cristã é uma tradição cristã da teologia aplicada, ao invés de um ritual simbólico; portanto, os sacramentos são mais bem compreendidos como atos de fé vividos na vida diária. Mary Baker Eddy descreve o batismo e a eucaristia na Ciência Cristã nesses termos:

 

“Nosso batismo é uma purificação de todo o erro. Nossa igreja está construída sobre o Princípio divino, o Amor. Só nos podemos unir a essa igreja à medida que nascemos de novo do Espírito, e alcançamos a Vida que é a Verdade e a Verdade que é a Vida, produzindo os frutos do Amor — expulsando o erro e curando os doentes. Nossa Eucaristia é a comunhão espiritual com o único Deus. Nosso pão, "que desce do céu", é a Verdade. Nosso cálice é a cruz. Nosso vinho é a inspiração do Amor, o trago que nosso Mestre bebeu e recomendou a seus seguidores.”18

 

Com base nisso, o batismo é experimentado como um transbordamento de amor e lágrimas de arrependimento, sentidos com tanta força que o pecado é honestamente confrontado e destruído. Ao invés de uma cerimônia única com água, o batismo é uma submersão consciente no Espírito. O batismo na Ciência Cristã é uma purificação, frequente, sagrada, sincera e única com Cristo. O ritual do batismo com água não é praticado nem pedido; dessa forma, a Ciência Cristã aceita e respeita aqueles que praticam o batismo de outras maneiras. A eucaristia nos convoca a tomar a cruz e a beber o cálice de Jesus dos sofrimentos terremos para que as ânsias terrenas deem lugar à força espiritual.

 

Morte e ressurreição. A morte de Jesus foi o mesmo tipo de morte da carne que todos os outros humanos experimentam. Mas a vitória sobre a morte serve para elevar a fé na mesma vitória final para todos. Como escreve Paulo: “O último inimigo a ser destruído é a morte.”19 Cristo Jesus superou o ódio do mundo e o peso da opressão imposta no corpo carnal dele. O Cristo opera da mesma maneira com o restante de nós, finalmente conquistando “o último inimigo” e revelando a realidade da Vida eterna.

 

Cura. A premissa teológica na Ciência Cristã de que Deus é Amor infinito e onipotente guia a missão da Igreja e as bênçãos para o mundo. A mensagem de Cristo Jesus de que o reino de Deus é aqui é a autoridade pela qual seus discípulos (naquela época e ainda hoje) curam todos os tipos de sofrimento no mundo. As verdadeiras orações de cura são “profundos e conscienciosos protestos da Verdade — da semelhança do homem com Deus e da unidade do homem com a Verdade e o Amor.”20 A oração, portanto, é considerada a maior bênção a si mesmo, assim como o maior serviço do mundo. A cura física através da oração demonstra o amor incondicional e poderoso de Deus por todos.

 

A cura na Ciência Cristã não determina que os doentes se restabeleçam, ela é uma resposta humilde ao cuidado amoroso de Deus por toda a criação. Hoje, assim como na época de Eddy, a Igreja da Ciência Cristã encoraja seus membros e todas as pessoas a participarem na cura da enfermidade e da opressão em qualquer lugar do mundo. Os praticistas autônomos oram com e pelos outros, sendo pagos pelos serviços e servindo não apenas aos Cientistas Cristãos, mas a qualquer pessoa que os contatar pedindo ajuda. Outra expressão desse cuidado pastoral é a enfermagem da Ciência Cristã, que oferece apoio extra, como alimentação, banho e curativos para as pessoas que estão em cuidado espiritual. Embora esses praticistas e enfermeiros sejam reconhecidos por A Igreja Mãe, seus ministérios de cura não são subsidiados nem controlados pela Igreja.

 

Ainda maior do que a cura de corpos é o chamado cristão para a cura dos pecados. Definido no sentido amplo como o antagonismo da mente carnal ou da hostilidade com Deus, 21, o pecado é manifestado como aspectos do materialismo, como a ganância, o orgulho, a sensualidade, a inveja, a glutonia, o egoísmo, a raiva, a preguiça, e assim por diante. A declaração no terceiro artigo de fé de que “o pecado será castigado enquanto ele perdurar” 22, enfatiza a natureza do pecado como uma crença em algo contrário à bondade de Deus ao invés de um aspecto da natureza de alguém.

 

Embora o pecado possa às vezes produzir efeitos de enfermidades no corpo, não é possível deduzir que todo sofrimento seja resultado do pecado. O medo e uma compreensão imperfeita da supremacia de Deus também resultam em enfermidade. Mas, quando o Cristo desperta as pessoas à totalidade dada por Deus, o sofrimento tanto do pecado quanto da doença dá lugar ao bem estar normal. O autor de Hebreus distingue entre as limitações humanas e o poder do Cristo, quando escreve “pois a lei nunca aperfeiçoou coisa alguma, e, por outro lado, se introduz esperança superior, pela qual nos chegamos a Deus.”23 A cura que resulta na aproximação com Deus normalmente desperta aqueles que são curados para um desejo de orar pela elevação de todas as formas de opressão por todo o mundo.

 

Com relação ao assunto da medicina moderna, o ensinamento da Ciência Cristã respeita os direitos de todos, incluindo os membros da igreja, a fazer suas próprias escolhas com cuidados de saúde. A evidência de efeitos positivos da espiritualidade sobre a saúde data do início do cristianismo, sendo evidente até hoje, e sugere que um marco do ministério de Jesus - a cura cristã - esteja pronto para acender o interesse e satisfazer as necessidades daqueles que buscam a cura hoje. E é esse pilar do ministério de Jesus que é fundamental à prática da Ciência Cristã. O mundo da medicina é muito mais integrante hoje, indo além de uma análise meramente física com relação à saúde de alguém. Nos últimos anos, vários Cientistas Cristãos vêm mantendo diálogos com os principais médicos sobre o impacto do pensamento e da oração na saúde e na doença. Por um lado, o diálogo é benéfico para todos. Por outro, não deveria ser tido como um sinal de que os que estão na prática da cura pela Ciência Cristã estão diminuindo sua convicção e sua total confiança no poder da cura do Cristo. 

 

A Igreja da Ciência Cristã encoraja, apoia e abraça amorosamente todos aqueles em sua busca pela saúde e bem estar. Devido ao comprometimento sincero dos Cientistas Cristãos com a cura espiritual como uma expressão da fé deles em Deus, e devido às experiências bem sucedidas com a cura espiritual, eles podem ficar relutantes em buscar tratamento médico para si mesmos. Entretanto, o ensinamento da Ciência Cristã é amar e apoiar os outros incondicionalmente, independente do sistema de saúde que possam escolher.

 

A Ciência Cristã e o movimento ecumênico

 

Ame todas as igrejas cristãs pelo bem do evangelho; e fique muito alegre com a união das igrejas no propósito, se não no método, para encerrar a guerra entre a carne e o espírito e para lutar a boa luta até que o desejo de Deus seja testemunhado e feito na terra assim como no céu. – Mary Baker Eddy24

 

Muitos cristãos, especialmente aqueles que estão envolvidos com a obra ecumênica há algum tempo, reconhecem a evidência contemporânea do movimento do Espírito Santo, quando ele “derruba a parede da separação que estava no meio, a inimizade”.25 À medida que mais cristãos estão se tornando mais conscientes de seu papel dentro do contexto de uma vila global, eles reconhecem o valor das semelhanças magnificamente partilhadas, apesar dos problemas que ainda compartilham. Além disso, a teologia da libertação tem um papel importante no despertar de uma consciência maior das vozes marginalizadas e para encontrar os meios de recebê-las. Essas atitudes de mudança encorajaram muitos cristãos convencionais a ouvir e a considerar mais seriamente as vozes daqueles a quem pouco conhecem, incluindo a Ciência Cristã.

 

No mundo todo, o quadro da Fé e Ordem é o cenário teológico multilateral do diálogo cristão mais amplo. Como movimento, Fé e Ordem é mais amplo do que qualquer comissão que o abriga. A Comissão de Fé e Ordem do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs nos Estados Unidos recebeu a Igreja de Cristo, Cientista, em seu quadro. Além disso, a Ciência Cristã foi convidada a enviar representantes para serem membros de quatro comissões do NCCCUSA (Conselho Nacional das Igrejas dos EUA) - Comissão de Comunicações, Comissão das Relações Inter-religiosas e Comissão de Justiça e Direto, bem como a Fé e Ordem. E a Igreja da Ciência Cristã não apenas apreciou esse convite gracioso, como também aceitou e enviou delegados para participar das sessões.

 

A Igreja da Ciência Cristã, que sempre se identificou como cristã, está ansiosa em saudar o diálogo ecumênico e agradece pela oportunidade dessa troca ter chegado. Mary Baker Eddy, nascida em uma família puritana na Nova Inglaterra, nunca pensou em si mesma como tendo deixado a igreja para formar uma nova demonstração, mais do que Lutero, Calvin ou qualquer outro reformista fizeram. Ela achava que a unidade de sua igreja com as outras igrejas seria sempre baseada no Cristo reunindo todos que cressem. Um reconhecimento dessa reunião inspira a Igreja da Ciência Cristã a responder os convites ao diálogo e a cooperar nas determinações ecumênicas da época.

 

Buscar a cura de um longo histórico de imprensa negativa e graves distorções da Ciência Cristã em livros textos e sermões públicos é um sinal de boas-vindas dos tempos que a Ciência Cristã é convidada a participar de diálogos ecumênicos e em relações com outras religiões e tradições de fé. Embora haja, sem dúvidas, Cientistas Cristãos que reagem com raiva ou medo àqueles que se opõem à Ciência Cristã, a liderança da Igreja está comprometida em responder a todas as críticas e ataques de uma maneira verdadeiramente cristã.

 

Teologicamente, a Ciência Cristã participa do cenário ecumênico e inter-religioso com naturalidade, porque ela envolve toda a humanidade no reino do amor de Deus. Embora a Igreja da Ciência Cristã reconheça as diferenças do cristianismo convencional, um engajamento mais ativo com o espírito do Cristo ajudará aqueles que não são cientistas cristãos a compreender o significado e a lógica dessas diferenças. A missão da Igreja da Ciência Cristã é servir, curar e abençoar a humanidade e, portanto, proselitismo não serve para esse propósito. Todos estão livres para receber as bênçãos da Ciência Cristã sem abraçar a fé da Ciência Cristã.

 

As tradições cristãs e outras fés vivas são dignas de respeito, apoio e oração honesta pelo seu bem-estar. Oramos com sinceridade a oração de Jesus pelos seus seguidores com nossos irmãos e irmãs: “a fim de que todos sejam um... para que o mundo creia que tu me enviaste”? 26 Que esse papel na compreensão da Ciência Cristã contribua para relações ecumênicas mais práticas e abençoadas.

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1 Mary Baker Eddy, Pulpit and Press, Boston, MA: The Christian Science Board of Directors, 1895; direitos autorais renovados 1923, 22.

2 Mary Baker Eddy, A unidade do bem, Boston, MA: The Christian Science Board of Directors, 1895; direitos autorais renovados 1915, 1936, 10.

3 Mary Baker Eddy, Manual de A Igreja Mãe, A Primeira Igreja de Cristo, Cientista, em Boston, Massachusetts, Boston: A Primeira Igreja de Cristo, Cientista, 1895; direitos autorais renovados, 1936.

4 Mary Baker Eddy, The Christian Science Monitor, Vol. 1, No. 1, 25 de novembro de 1908. A frase completa nesse editorial na primeira edição é: “O objeto do Monitor é não prejudicar nenhum homem, mas, sim, abençoar a humanidade.”

5 Mary Baker Eddy, , Christian Science versus Pantheism Boston, MA: The Christian Science Board of Directors, 1898; direitos autorais renovados 1926, 14.

6 Mary Baker Eddy, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, Boston: A Primeira Igreja de Cristo Cientista, 1875; reimpressão de 1994; aqui também citado como Ciência e Saúde, 497.

7 Há várias versões do Credo Apostólico. A versão mais próxima da teologia da Ciência Cristã é a versão metodista:

Creio em Deus Pai, Todo-poderoso,
criador do céu e da terra;
o qual foi concebido por obra do Espírito Santo; nasceu da virgem Maria,
padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos;
foi crucificado, morto e sepultado;
ao terceiro dia, ressurgiu dos mortos, subiu ao Céu

e está à direita de Deus Pai, Todo-poderoso;
de onde há de vir, para julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo;
na Santa Igreja de Cristo;
na comunhão dos santos;

na remissão dos pecados; na ressurreição do corpo, e na vida eterna. Amém.

8 Romanos 8:8-10, Bíblia Sagrada contendo o Antigo e o Novo Testamento: Versão Almeida Revista e Atualizada, São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil. Todas as passagens bíblicas nesse artigo foram tiradas dessa versão.

9 Eddy, Ciência e Saúde, 30 10 Ibid, 583.
11 Ibid, 333.
12. Ibid, 331-332.

13. Paráfrase contemporânea da declaração de Mary Baker Eddy, Miscellaneous Writings 1883-1896, Boston: Primeira Igreja de Cristo, Cientista, 2000, 162.

14. Um exemplo da compreensão de Eddy de reconciliação em seu livro, Ciência e Saúde: “Toda angústia de arrependimento e sofrimento, todo esforço de reforma, todo pensamento bom e toda ação boa, nos ajudarão a compreender a expiação de Jesus pelo pecado, tornando-a mais eficaz; se, porém, o pecador continua a orar e a se arrepender, a pecar e a se entristecer, pouco participa da reconciliação — da unificação com Deus — pois falta-lhe o arrependimento prático que reforma o coração e habilita o homem a fazer a vontade da sabedoria” 19.

15. Ibid, 333.
16. Lucas 3:16, 17.
17. Efésios 4:5.
18. Eddy, Ciência e Saúde, 35.
19. 1 Coríntios 15:26.
20. Eddy, Ciência e Saúde, 12.
21. Romanos 8:7.
22. Eddy, Ciência e Saúde, 497.
23. Hebreus 7:19.
24. Eddy, Christian Science versus Pantheism, 13. 25. Efésios 2:4.
26. João 17:21.

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